Com o recente episodio ocorrido na Sales Force (detalhado a seguir), eis que surge um tema polêmico: a festa da “firma”.
Tudo bem, o fim de ano já passou. Mas festas de “firma” não ocorrem apenas aos finais de ano. Sempre há alguma comemoração, confraternização, e este tema é tão atual quanto um tabu: quais as regras de etiqueta que devemos (ao menos) seguir?
Primeiro vamos o que inspirou o assunto: Por que a festa da firma deu tão errado na Salesforce do Brasil
“Um concurso de fantasia durante a festa de fim de ano da Salesforce no Brasil, empresa norte-americana de softwares sediada no Vale do Silício, resultou em três demissões, incluindo a do presidente da filial nacional, Maurício Prado, segundo o jornal Folha de São Paulo.
O motivo: um dos funcionários “se vestiu” de “negão do Whatsapp”, um conhecido meme que circula no aplicativo de troca de mensagens em que um homem negro aparece com uma toalha azul no ombro e o pênis à mostra. Sua fantasia ficou em quarto lugar no concurso, promovido pelo RH da empresa. A foto dele, ao lado do diretor comercial de outros funcionários, foi vista pela liderança da empresa, na sede da multinacional nos Estados Unidos, em São Francisco, que ficou chocada. Na imagem, ele aparece com uma toalha no ombro exibindo uma prótese para simular o personagem.
Segundo a reportagem, uma das versões da história é a de que a matriz teria pedido que o funcionário, que seria da equipe de vendas, fosse demitido. O diretor comercial teria tentado defender a permanência do funcionário, usando o argumento de que os brasileiros são mais liberais e por isso, também teve a demissão decretada.
Nesse momento, o presidente da Salesforce no Brasil, Maurício Prado, tentou intervir. Ele teria dito que a punição era exagerada para um fato que não passava de uma brincadeira. Resultado: também demitido.
Para João Marques, que é presidente da consultoria de mobilidade EMDOC, a falta de clareza na disseminação da cultura e dos valores pode ser um dos principais motivos para a crise que se instaurou na Salesforce e derrubou um funcionário, o diretor comercial e o principal executivo da filial brasileira. Muitas empresas, diz ele, têm dificuldade em transmitir da sede para suas filiais valores e aspectos culturais primordiais.
A Salesforce, por exemplo, é tida como empresa mais liberal, como é comum entre as companhias instaladas no Vale do Silício. Mas a sua liberalidade encontrou um limite instransponível. “A questão racial”, diz Marques, sobre o fato de que a “brincadeira” ultrapassa a esfera da vulgaridade e toca também em outro ponto sensível, estereótipo de raça. “O medo é que tenha reflexo no produto da empresa, consumido por todas as raças”, diz Marques.
Um aspecto da cultura de trabalho no Brasil também é apontado pelo presidente da EMDOC como crítico nesse caso. “O brasileiro parte para a defesa antes de apresentar pedido de desculpas. Essa é uma dificuldade que se tem no Brasil”, diz.
O mais indicado por Marques, ao lidar com norte-americanos e com outras culturas também, seria pedir desculpa, estabelecer e comunicar um plano de ação para usar o caso de exemplo na orientação dos funcionários brasileiros sobre a cultura da empresa.
De um lado a empresa que não comunica bem quais são seus valores mais críticos. “Aqueles temas em que é proibido se fazer qualquer tipo de piada”. Do outro, a diferença cultural e a tendência brasileira de se defender antes de reconhecer o erro. E no braço de ferro entre sede e filial, levou a pior, obviamente, o time brasileiro que ficou sem dois dos seus principais executivos, além do autor da “premiada” fantasia.
O prejuízo, no entanto, será compartilhado entre sede e filial. “Vai levar tempo para levantar o ânimo da equipe depois do que aconteceu e da maneira como ocorreram as demissões. O time de vendas é parte do coração da empresa”, diz ele. É esperar e conferir se o caso, e a consequente troca de comando, vai respingar nos resultados da Salesforce no Brasil.” – retirado na íntegra da Exame, apenas para ilustrar a situação.
Muitas pessoas cometem gafes lamentáveis e irreversíveis nestes eventos. Então reunimos abaixo algumas “boas práticas” para evitar problemas:
Sua presença — Compareça à festa! Deixar de ir à festa de fim de ano (ou confraternização) da empresa pode parecer pouco caso com os demais colegas de trabalho e com a empresa. A não ser que tenha algum compromisso pessoal muito importante (como eu mesmo o tive este ano) não deixe de ir. É uma grande oportunidade de networking e uma maneira de mostrar seu compromisso com a empresa. Se você quiser sair mais cedo, não seja o primeiro a ir embora.
Como se vestir— Você ainda está no “ambiente” de trabalho, mesmo que o clima seja de festa. Então não coloque uma roupa que você usaria para uma boate ou domingo de sol na praia. Discrição e sobriedade são fundamentais. Caso o evento seja em um sítio ou clube em que o traje recomendado é o de banho, a dica permanece. Biquíni ou sunga pequenos não são bem vindos. Maiôs e bermudas são uma boa escolha. Lembre-se: fotos serão tiradas, e bem provavelmente guardadas… tenha modos!
Com quem (e como) conversar — Ao tentar se aproximar de alguém que não conhece bem (ou não tem muito contato), apresente-se. Se houver reciprocidade, inicie uma conversa leve e animada (não confunda com “fazer piadas”), evite entrar em temas polêmicos, como política e religião, mantendo a conversa mais leve. Não fale só sobre trabalho, aliás, evite isso.
Posso comer? — Não haja como um faminto. Encher demais o prato e repetir diversas vezes é algo deselegante, pega mal e todos reparam.
Flerte — Se o código de conduta da empresa não proibir, vá em frente, mas com cautela. Certifique-se de que o interesse é mútuo e não unilateral. Ainda assim, caso seja correspondido, deixe os momentos de intimidade (mesmo beijos) para outro local. Este é o item em que as pessoas MAIS cometem erros e gafes. Fique atento.
Posso beber? — Geralmente estas festas são open bar, mas isso não quer dizer que você deva beber tudo que ver pela frente. Ficar bêbado pode acabar com a sua reputação no trabalho e lhe garantir, além de má fama, uma possível demissão. Dica: beba um copo de água ou suco a cada dose de álcool ingerida e se alimentar antes de começar a beber. Respeite os seus limites, e de seus colegas.
Amigo secreto — Se fizerem amigo secreto, ao descrever a pessoa que sorteou para presentear, fale de qualidades pessoais e profissionais, evite características negativas. Não faça piadas com palavras pejorativas e apelidos.
Chefes/Superiores — Não tente se aproximar com intimidade forçada, o ideal é esperar o gestor dar esta abertura. Embora os líderes da empresa não estejam exercendo o papel de autoridade durante a confraternização, eles continuam sendo chefes e podem avaliar o comportamento dos funcionários naquele momento. Assuntos inadequados ou pessoais demais, quando não existe uma relação de intimidade entre o gestor e o subordinado, podem prejudicar a imagem do profissional. Caso você seja o chefe, haja com simpatia e naturalidade, para deixar o funcionário à vontade.
Voltando ao assunto da Salesforce, percebemos que houve um excesso de confiança dos funcionários e falta de entendimento (e alinhamento) com os valores da empresa. Multinacionais costumam ter Normas de Conduta bem rígidos e, mesmo com brincadeiras “locais” (relacionados a costumes do pais ou até mesmo memes e situações do momento) lembre-se que qualquer evento que envolva o nome da empresa pode (e será) avaliado de forma impessoal. E este caso não foi diferente. E a Festa da Firma “deu ruim”. Fique esperto!