Comemorar
Claro que comer fora é um evento. É algo que fazemos não só para saciar nossa necessidade biológica do dia-a-dia, mas vai muito além disso. Transformamos o ato da refeição em um prazer. Quantas vezes somos tomados pelo sabor, pelo ambiente, pela companhia e queremos que aquele momento não acabe nunca. Comer para comemorar. Uma tradição que remonta muitos anos, ainda quando por motivos religiosos animais eram sacrificados. Naquele tempo, sem técnicas de conservação, após ser abatido, o animal devia ser consumido prontamente. Pelo seu tamanho, várias pessoas eram convidadas. Esse costume milenar foi transmitido de pai para filho pelos anos e mesmo quando animais não eram mais sacrificados, a tradição de reunir pessoas para fazer uma refeição em comum continuou. Festas religiosas e comemorações são sempre acompanhadas de comida.
Além do horizonte
E se o evento gastronômico fosse ainda mais prazeroso? Explico. Além da comida você pudesse se entreter com algo a mais. Por exemplo comer a 85 metros de altura, que tal? Já imaginou a vista da cidade no 28º andar? Mas não para por aí. Imagine poder jantar, a 85 metros de altura, vendo a cidade por amplas janelas e além disso o restaurante ser giratório. É isso mesmo. No Kess, parte das mesas fica em uma plataforma giratória e durante seu jantar você terá uma visão 360º da cidade. Eu fui e afirmo: é muito legal. Explicando um pouco como funciona. A primeira coisa que você precisa saber é que o restaurante Kess, que está dentro do hotel Slaviero, funciona para almoço no primeiro andar e o salão com vista panorâmica opera apenas para o jantar, a partir das 19:00h. Eu estive lá em dois momentos. Um deles, próximo das 19:00h e em um outro dia mais tarde, por volta das 22:00h. Ambos os horários são divertidos, mas próximo das 19:00h eu achei ainda mais bacana, principalmente agora que ainda estamos no horário de verão, com dias longos, e você consegue ver bem as ruas e os bairros. De quebra pode acompanhar um belíssimo pôr do sol. Falando do sistema giratório: a parte central do restaurante, onde ficam os elevadores, é fixa, ou seja, não gira. Nela estão algumas mesas, o buffet de sala e os toaletes.
Em volta dessa área central há uma plataforma circular, como se fosse um gigante disco de vinil. Nessa plataforma ficam as mesas para os clientes que querem comer vendo a cidade em 360º. A velocidade de rotação é razoavelmente lenta, e não podia ser diferente. A plataforma dá uma volta completa em 2 horas, o que achei bem razoável, pois é o tempo total de uma refeição, entre escolher o prato até o momento de pagar a conta. Mesmo sendo razoavelmente lento, você percebe o movimento da plataforma. A decoração é extremamente elegante e sóbria, mas confesso que ela poderia ser rosa choque com verde limão que eu quase não iria perceber, pois queria ficar o tempo todo olhando a cidade pelas janelas. Curioso que sou, quis entender como funcionava a logística entre a preparação dos alimentos e o serviço das mesas, afinal eles servem as refeições no primeiro andar durante o dia e à noite no vigésimo oitavo. Foi então que me explicaram que há duas cozinhas no hotel. Uma para atender o almoço, que fica no primeiro andar e outra que fica no vigésimo sétimo, logo abaixo do salão superior.
Cabe no bolso
O cardápio é variado e bem acessível. Um prato com carne (alguma preparação com filé mignon, por exemplo) fica em torno de 60 reais. Um valor razoável e compatível com o mercado. Eu comi o filé mignon à parmegiana com batatas fritas e arroz e um filé mignon com molho de gorgonzola, com brócolis e arroz. Os pratos são individuais e bem servidos. Os clientes que pedem pratos acima de 30 reais têm direito a se servirem no buffet de saladas. Um buffet simples, mas completo o suficiente para atender minha expectativa. A salada caiu como uma luva e foi uma excelente entrada enquanto aguarda o prato principal. O Kess recentemente está oferecendo a seus clientes um menu especial de hambúrgueres artesanais.
Comer e se divertir
Estranhei um pouco o fato de não me perguntarem sobre o ponto da carne para o prato do filé mignon com molho de gorgonzola. A carne chegou ao ponto para bem passada. Eu particularmente prefiro a carne malpassada ou no máximo ao ponto para malpassada. O sabor da carne estava bom e ela estava bem temperada. Apenas lamento que estava muito grelhada para meu gosto. Tive que ter cautela para verificar o sabor da carne em si, pois quando misturava o molho de gorgonzola, ele dominava os sabores completamente. Já no caso do filé mignon à parmegiana não era preciso verificar o ponto, pois se ele estiver na cocção correta (como o que foi servido no Kess), a carne não soltará suco. Isso é importante para manter a crocância do empanado que envolve o filé. A preparação desse prato estava rigorosamente certa.
Pode parecer simples, mas um bom filé à parmegiana precisa de alguns cuidados para que o empanado não fique “molhado” ou que não tenha aderência com a carne. Você já deve ter visto por aí aqueles filés à parmegiana que parecem um pastel de carne, com o empanado completamente solto do bife. Um pastel de massa empanada com a carne solta no meio. Esse jantar foi acompanhado por uma garrafa de vinho tinto chileno que me cobraram um valor em torno de 50 reais, o que achei bem razoável (um pouco mais caro que o preço no mercado, mas longe de ser um absurdo como já vi em outros lugares).
Também tive oportunidade de comer o hambúrguer artesanal. São 200 gramas de carne de costela com opção de dois pães e três molhos. Eu comi o Bacon Cheese Burger, feito com queijo gorgonzola, tira de bacon, cebolas caramelizadas, alface americana e tomates. Escolhi o pão chamado de “cervejinha”. Um pão escuro feito com cerveja em sua composição. Você poderá escolher um dos três molhos disponíveis (maionese especial, barbecue ou chutney de abacaxi).
Eu provei o barbecue e o chutney de abacaxi, pelo qual me apaixonei. O hambúrguer veio acompanhado de batatas onduladas. Eu recomendaria uma pequena alteração no lanche. O sanduiche pode ficar ainda mais gostoso se o pão for mais intensamente selado com manteiga (deixando na chapa). Isso evitará que o suco da carne do hambúrguer entre tão intensamente no pão, mantendo a estrutura do mesmo por mais tempo.
Vovó querida
Provei a sobremesa feita na casa. Um pudim de leite chamado carinhosamente apenas pela equipe interna de “pudim da vovó”. Mesmo sendo uma sobremesa básica, ele foi servido com pedaços de morango e alguns gomos de uva. Uma apresentação inusitada, mas que incrivelmente deu certo, porque as frutas cítricas dão o contraponto com o dulçor do doce em si.
Kess
Endereço : Rua Emilio Ribas,78
Telefone : 2475-7513
Site : https://www.facebook.com/grupokess/
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