Na Gol e na Azul, foram fechados acordos de redução salarial temporária com previsão de estabilidade, sem plano de cortes de remuneração no futuro. A Latam, no entanto, paga salários superiores à média do mercado, e atribui a proposta de redução salarial permanente à necessidade de equilibrar seus custos com o das concorrentes, antecipando um cenário de maior competição dada a crise no setor aéreo e a queda na demanda.
Em votação online organizada pelo SNA, os tripulantes não autorizaram a negociação de um acordo permanente de redução salarial. O sindicato considera a medida ilegal.
Segundo Caíque Rossi, um dos organizadores da ação, os comissários afirmam que a negociação não foi justa, que a empresa teve uma postura intransigente e que empurra para os trabalhadores a redução dos custos, sendo que, segundo a categoria, a mão de obra representa apenas 8% dos custos da Latam Brasil.
Ainda segundo Rossi, os comissários reivindicam a retomada das negociações para um acordo temporário com estabilidade, a abertura de um programa de licença não remunerada (LNRV) antes do início das demissões e a garantia de retorno no futuro para quem aderir ao PDV ou for demitido. Eles também pedem que as condições no PDV e do LNRV sejam as mesmas oferecidas aos aeroviários (trabalhadores de chão, como os de check in).
Em processo de recuperação judicial, a Latam Brasil emprega cerca de 2.000 pilotos e 5.000 comissários.
A empresa afirma que enfrenta maiores dificuldades do que as concorrentes porque faz rotas internacionais, operação que foi mais prejudicada do que a doméstica em razão das restrições de viagem e fechamentos de fronteira durante a pandemia.
A Latam afirma que esteve aberta ao diálogo e que, diante da crise do setor, é imprescindível a redução permanente do salário. Como essa proposta foi rejeitada pela categoria, o ajuste de custos deve se dar via redução de quadro.
Com relação a reivindicação de licença não remunerada, a empresa afirma que as negociações foram encerradas com o SNA e que as demissões estão seguindo as regras da convenção coletiva da categoria.
As informações são da FolhaPress