Ave, César!
Aves. Não me lembro de ter avaliado muitas opções de aves nas visitas aos restaurantes. Acho que meio sem querer elas vão ficando de lado quando aparecem no cardápio. A gente até olha para elas, mas quando os olhos correm por cima das opções de carnes, como bifes ancho, picanhas grelhadas, costelas, as coitadinhas das aves são deixadas de lado. Mas dessa vez não. Sai de casa obstinado a comer um frango. Mas não um frango qualquer. Queria comer um galeto. O galeto tem no máximo 600g e depois de assado não passará de 400g. Interessante notar que esse prato é bem mais comum no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul. Encontramos aqui no estado de São Paulo também, mas com uma frequência bem menor que nesses outros dois estados. Em São Paulo o mais comum mesmo é o tradicionalíssimo frango assado. Há um número infindo de botecos, padarias, rotisserias com a “televisão de cachorro”. Frango assado, principalmente aos domingos, é quase que um patrimônio do sul/sudeste. Para saciar esse meu desejo, fui comer o galeto do recém inaugurado Graça di Napolli, no Parque Shopping Maia.
Dona Graça
O nome do restaurante é em homenagem a matriarca da família dos sócios, a napolitana Dona Graça. Mesmo estando dentro de um shopping center, ele não fica na praça de alimentação. O shopping tem no piso térreo a ala gourmet, um espaço separado para os restaurantes que tem salão próprio. Isso acaba sendo um diferencial bacana pois você come em um ambiente fechado, sem todo aquele ruído de fundo. O projeto assinado por Natalie Bergamo é de bom gosto. A mistura de tijolo aparente, marcenaria e tons bordô escuro com uma iluminação tênue traz um clima acolhedor. O toque refinado convive em harmonia com elementos italianos, como fardos de farinha, arandelas e gravuras que remetem a Nápoles.
O forno é um capítulo à parte. Ele é o que há de mais moderno no mercado e ainda assim consegue ser extremamente charmoso. Fiquei hipnotizado vendo seu funcionamento. Ele é feito de cobre, mas é feito para parecer tijolo aparente. A base dele (onde as pizzas são colocadas) é giratória sendo possível controlar a velocidade de rotação e o sentido (horário ou anti-horário). Sua chama é alimentada por gás, mas ele tem um local para colocar uma pequena quantidade de lenha que terá a função de dar o gosto defumado da madeira queimada. A base também pode ser aquecida por fileira de queimadores (chamados de flauta) que ficam embaixo da pedra. Um show. Claro que toda essa tecnologia e cuidado resultam em um prato bem preparado.
Irresistível
Mesmo estando obstinado a comer meu galeto, pedir a entrada de crostini foi algo irresistível. Crostini é uma entrada feita de massa de pizza crocante, temperada, cortada em triângulos e servida com um molho pesto da casa, feito de manjericão, rúcula, miolo de alcachofra, azeite e sal.
Recomendo fortemente pois estava delicioso. Eu fui um pouco abusado e pedi uma porção do molho de tomate que usam no preparo das pizzas. O molho estava a mostra e eu não consegui me conter. Precisava pedir para prová-lo pois a aparência dele era magnetizante. Ainda bem que cometi esse abuso, o crostini com o molho me fez voltar a infância, quando minha mãe preparava a macarronada do domingo e ao se aproximar da hora do almoço, dava para nós uma provinha do molho em um potinho para comermos com pão.
Cortes Especiais
Pedi duas opções de carnes. Elas ficam no cardápio na parte chamada de “Cortes Especiais”. Para cada corte especial que você pede, deve escolher dois acompanhamentos e um molho. Claro que uma das carnes que pedi foi o Galeto. Para acompanhar esse corte, escolhi o molho de três mostardas e de acompanhamento o purê de batatas e uma salada mix de folhas com molho balsâmico e mel. A outra carne foi o Flat Iron Angus (miolo de paleta) malpassado com molho chimichurri. Nesse corte, pedi legumes grelhados com pesto de ervas e salada pazanella.
Ops…
Passado um tempo, o garçom retornou a mesa e perguntou quais eram meus pedidos. Infelizmente os pedidos não haviam sido lançados no sistema. O gerente veio se desculpar pelo ocorrido e esse inconveniente acabou não sendo algo tão ruim, porque tinha pedido o crostini como entrada. Adicionalmente o gerente sugeriu que as saladas fossem servidas em antecipação enquanto os pratos estavam sendo preparados. Isso acabou contornando bem a situação.
Salada solitária
A salada mix de folhas com molho balsâmico e mel não tinha muita novidade. Ela acabou ficando meio perdida após a entrada, pois tinha um sabor muito suave comparado ao pesto servido com o crostini. Lembrando que essa salada não era um prato e sim um acompanhamento da proteína.
Talvez isso tenha deixado ela um pouco sem graça, pois foi servida antes do prato e não junto com o galeto. A salada pazanella é composta por tomates cozidos e temperados e pão italiano rasgado e temperado. Eu não simpatizei com essa salada. Para meu gosto o pão deveria estar em lascas menores. Assim como na salada mix, a salada pazanella ficou meio sem sentido ao ser consumida sozinha.
Cortes
O galeto chegou junto com o purê. Ele estava bem temperado e suculento e por ser uma ave menor, estava bem macio. O Graça de Napolli prepara os cortes especiais no char broiler, ou grelha aquecida por chamas (similar a uma grelha de churrasqueira). Ele combinou com o purê e com o molho de três mostardas, mas acho que ficaria ainda melhor se o restaurante oferecesse creme de milho como alternativa de acompanhamento.
A porção é generosa com 300g de carne e finalmente matei minha vontade de comer galeto. Já o Flat Iron Angus (miolo de paleta) veio ao ponto para bem passado. Provavelmente pela confusão de terem “perdido” meu pedido inicial, perderam também minha solicitação da carne malpassada. A carne estava macia e não há dúvidas que o molho chimichurri é o casamento ideal. Ela vai muito bem com os legumes grelhados com pesto. A única coisa a lamentar foi realmente o ponto da carne. Lembrei na hora de meu sogro que diria sem pestanejar: “o boi morreu à toa”.
Bela sobremesa
As opções de sobremesa eram tentadoras e escolhi o tiramisu. Relembrando um pouco do significado do nome dessa sobremesa: “Quando eu era criança e ouvia o nome dessa sobremesa eu achava que era alguma coisa japonesa. Pesquisando, entendi a origem do nome e agora tudo faz sentido. Ele surge da junção das palavras: tira+mi+su, ou em uma tradução livre, “puxa-me para cima” ou “levanta-me”. É assim por ser uma sobremesa energética.” O tiramisu do Graça é bem apresentado e vem com uma renda de chocolate sobre a preparação. Ele foi meu acompanhamento para o expresso da Nespresso que tomei ao final da refeição.
Graça di Napolli
Endereço : Av. Bartholomeu de Carlos, 230 – PARQUE SHOPPING MAIA
Telefone : 2304-0744
Site : http://www.gracadinapolli.com.br
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