Ao contrário do governador João Doria (PSDB), favorável ao Escola sem Partido, projeto polêmico que busca limitar o que professor pode falar na sala de aula como combate a supostas doutrinações de esquerda, o secretário de Educação do estado de São Paulo, Rossieli Soares da Silva, não vê necessidade da medida.
“Não pode haver doutrinação, nesse sentido estamos buscando a mesma coisa, mas entendo não ser necessário uma lei para regular isso. Se há conflito, a escola precisa ser o primeiro lugar para resolver”, afirma.
“Mas a discussão é que precisamos colocar o foco na aprendizagem. Se o aluno souber ler e interpretar um texto, terá condições de fazer suas críticas a um pensador de esquerda ou de direita”.
Silva era secretário de Educação Básica do MEC quando o governo retirou menções à gênero da Base Nacional Comum Curricular. Grupos religiosos e conservadores têm se mobilizado contra o que chamam pejorativamente de “ideologia de gênero” na educação.
O termo nunca esteve na base e não é adotado por educadores. A abordagem de temas sobre identidade de gênero pode, segundo estudiosos, influenciar na discussão de problemas como violência contra a mulher, gravidez na adolescência e homofobia.
Grupos conservadores e religiosos vem na discussão um ataque ao conceito tradicional de família. “O uso do termo gênero para uma coisa e ideologia para outra tem causado essas divisões que não permitem avançar o que precisamos. Temos, sim, que preservar os direitos humanos, respeitar as diferenças, respeitando as instituições, inclusive a própria famílias”, diz.
O tema é a principal bandeira do governo do presidente, Jair Bolsonaro (PSL). Na semana passada, o Ministério da Educação envolveu Silva numa polêmica ao acusar a gestão Temer de ter alterado um edital de compra de livros que excluía exigências bibliográficas e temas de direitos humanos. “Temos tido boa relação, me parece que foi muito mais um erro mesmo”, diz. Com informações da Folhapress.