A Justiça de São Paulo decretou a prisão preventiva de quatro donos de bingos acusados de pagar propina para policiais civis e militares. Segundo a acusação, o grupo subornava os agentes para poder continuar explorando jogos de azar.
Para o Gaeco, grupo de promotores que investiga o crime organizado, eles controlavam locais onde funcionavam bingos e máquinas caça-níqueis na Zona Sul da capital. Dois locais foram fechados.
De acordo com o Ministério Público (MP), os quatro homens procurados são Antônio Diego Liberal, Luiz Cláudio de Souza, Conrado Liberal Filho e Estefano de Carvalho Dores. Na semana passada, Sandro Santoro e Janaina Fátima de Souza foram presos pela mesma suspeita.
A defesa deles nega e, na tarde desta segunda-feira, 22 de janeiro, pediu habeas corpus para os dois presos. “Não pagaram propina para ninguém. Tiveram, sim, alguns policiais que prestaram serviços a eles e a isso foram efetuados pagamentos”, disse o advogado José Miguel da Silva Júnior, que defende os seis acusados.
Questionado sobre que tipo de serviço os policiais prestavam, afirmou: “Escoltas, serviço de segurança, isso sim. Alguns policiais fizeram isso e receberam por isso. Por esse serviço. Pelo faturamento das casas noturnas. Noturnas, não de bingo”.
O MP descobriu 15 bingos clandestinos. Os promotores informaram à Justiça que vários policiais civis e militares podem ter recebido mensalidade em dinheiro vivo para não apreender máquinas caça-níqueis e manter as casas de bingos funcionando.
PMs presos
Quatro oficiais da PM suspeitos de receber dinheiro dos bingos estão presos. A Justiça Militar já aceitou a denúncia contra eles e mandou prender, no fim de semana, o coronel aposentado Luiz Flaviano Furtado, que tinha sido solto na semana passada.
Na casa dele, a Corregedoria da PM apreendeu 30 mil dólares. O coronel, que já foi chefe de gabinete da Secretaria da Justiça de São Paulo nessa gestão do governador Geraldo Alkmin (PSDB), disse que o dinheiro não era dele.
“Uma investigação de quatro anos em que o nome do coronel é mencionado absolutamente de maneira lateral, e isso está patente nessa investigação. Ele não tem qualquer requisito para responder ao processo preso”, disse o advogado do coronel, Fernando Fabiani Capano.
O juiz de direito Machado Marques, que iria julgar o processo na Justiça Militar, não está mais no caso. Ele alegou suspeição por ter conhecido o coronel Furtado na Academia de Polícia Militar. O magistrado, que é ex-oficial da PM, foi de uma turma anterior à do coronel e, por isso, considerou melhor não ficar com o caso. Quem assumiu foi o juiz substituto Marcos Theodoro, que estava de plantão no domingo e fez a audiência de custódia que manteve a prisão do coronel.
A assessoria de imprensa da Secretaria da Justiça informou que não vai se posicionar sobre o assunto. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse que mais de 300 policiais foram demitidos ou expulsos no ano passado. A pasta acrescentou que, até o momento, a Corregedoria não recebeu nenhuma comunicação sobre o envolvimento de policiais civis nesse caso dos bingos.