Apesar de negar que vá disputar a Presidência nas eleições deste ano, o apresentador da TV Globo Luciano Huck tornou-se alvo de um processo do PT na Justiça Eleitoral nesta segunda-feira, 8 de janeiro. O partido alega que Huck cometeu e se beneficiou de abuso de poder econômico e dos meios de comunicação durante sua participação no Domingão do Faustão deste domingo.
A TV Globo e Fausto Silva, apresentador do programa dominical, também são alvos da representação, assinada pelos líderes do PT na Câmara, Paulo Pimenta (PT-RS), e no Senado, Lindbergh Farias (PT-RJ). Eles pedem a inelegibilidade de Huck ou a cassação do seu eventual registro de candidatura, além de pagamento de multa por parte dos apresentadores e da Globo.
O candidato do PT é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem liderado as pesquisas de intenção de voto e já disse, ao comentar uma eventual candidatura de Huck, querer “disputar com alguém com o logotipo do Globo na testa”.
Para os petistas, o que se viu durante a entrevista do apresentador “foi a demonização da atual política, dos políticos, dos pré-candidatos ao cargo presidencial, e de forma subliminar, a exaltação da pré-candidatura de Luciano Huck, como sendo algo de novo capaz de mudar a realidade vigente e trazer a ‘felicidade’ esperada pelo sofrido povo brasileiro”.
A representação diz ainda que Faustão e Huck “discorreram acerca da necessidade dos brasileiros darem espaço para uma candidatura nova (a dele, Luciano Huck)”, e que o apresentador usou “uma estrutura midiática que nenhum outro pré-candidato terá acesso, causando interferência antecipada na lisura e na igualdade da disputa presidencial que se avizinha”.
Segundo definição disponível no site do TSE, o abuso do poder econômico em eleições é “a utilização excessiva, antes ou durante a campanha eleitoral, de recursos financeiros ou patrimoniais buscando beneficiar candidato, partido ou coligação, afetando, assim, a normalidade e a legitimidade das eleições”.
Luciano Huck voltou a negar sua candidatura presidencial neste ano. Ele disse que atuará no recrutamento de novos candidatos. “Minha missão esse ano é tentar motivar as pessoas a que votem com muita consciência e que a gente traga os amigos que estão a fim para ocupar a política, senão não vai ter solução. Eu nunca, jamais, vou ser o salvador da Pátria, e o que vai acontecer na minha vida eu também não sei”, disse Huck. “Neste momento, ainda acho que meu papel com esse microfone na mão e aqui na Globo, e motivando as pessoas, pode ser até mais importante do que estar lá”.
Na entrevista, o apresentador disse que a sociedade está “envergonhada da classe política” e que é necessário aproveitar “essa fratura exposta que aconteceu no Brasil nos últimos dois anos, de derretimento da classe política para reocupar esse espaço, ressignificar as coisas e tentar de fato botar um pouco de ética”.
Huck também deu sua visão sobre o que precisa ser feito para o país melhorar. Segundo ele, “pequenos deslizes do dia a dia, que a gente chama de ‘jeitinho brasileiro’, estão na raiz da corrupção endêmica que temos lá na frente”. O apresentador defendeu ainda que “não dá para falar em meritocracia no Brasil quando a oportunidades são diferentes. O único jeito de igualar para todo mundo é a educação ser boa para todos”.