Essa afirmação, trecho retirado da música de Belchior “Como nossos pais” e brilhantemente interpretada por Elis Regina, expressa uma realidade a qual deixamos escapar, pois quem muito sonha, deixa a vida passar sem ter vivido. E é isso que aconselho o atual governo a começar a fazer imediatamente, sob pena de ficar sonhando e não fazer nada de realmente útil para a cidade.
É muito bonito ver o prefeito ou secretários saírem como Bandeirantes, desbravando continentes a garimpar empresas, indústrias, investidores e convencê-los a se instalar em nossa querida cidade. Desculpem, mas acho que isso não vai acontecer. Primeiramente porque não é com meia, uma ou duas horas de conversa que vai se convencer a um empresário ir para outro país ou cidade que nunca ouviu falar.
Para uma empresa se instalar em outro país, primeiramente vai desenvolver estudos, se seu produto tem mercado, tem escala de consumo, quem são seus concorrentes, qual o mercado futuro, se seu preço nessa escala será competitivo mediante os custos locais, como matéria prima, insumos, mão de obra qualificada e disponível, carga tributária, logística e etc, e depois de convencido que é um bom negócio para ele vir para o Brasil, aí sim vai pesquisar qual cidade oferece as melhores condições para se instalar, produzir e distribuir seus produtos. Claro que vai fazer uma conta de Investimento x escala de produção x rentabilidade x amortização, e se todas essas contas lhe forem positivas, vai buscar um imóvel para alugar ou construir. Se alugar, terá que adaptar para a sua operação, enfim, sendo otimista mais 2 ou 3 anos até dar o Start na operação, ou seja, acabou o mandato e não se conseguiu aumentar a arrecadação e nem a oferta de empregos e menos ainda a economia da cidade como um todo.
Sabedor das dificuldades de se trazer novas indústrias e do tempo para entrar em operação, da necessidade de se aumentar a arrecadação da cidade o mais rápido possível e da geração de empregos, foi que contemplei o setor de distribuição de produtos, os chamados “CDs” com os incentivos fiscais antes previstos apenas para a indústria (apesar de ter lido há alguns meses uma declaração do Secretário de Desenvolvimento, que a atual Lei de Incentivos contempla apenas a indústria e o setor de transporte, e que ele estava patrocinando uma nova lei abrangendo outros seguimentos empresariais. Quero crer que ele se equivocou, já que não há incentivos fiscais para o setor de transporte e sim para o de comercio e distribuição de produtos, que é o que estou tratando aqui).
Indo diretamente ao ponto, acho que o governo deve ter várias frentes para atrair empresas à cidade, mas diante da necessidade de aumentar a arrecadação rapidamente, deveria concentrar esforços e priorizar atrair distribuidores de grandes magazines, materiais de construção e outros do tipo. E por que isso?
Primeiro, que essas grandes lojas estão aqui mesmo no Brasil, portanto de acesso muito mais fácil; segundo que o tempo de implantação de um equipamento desse não ultrapassa 1/3 do tempo de uma indústria; e por fim, começa a gerar grande volume de impostos imediatamente no início de sua operação.
Vou explicar de forma simplificada como isso funciona. As grandes redes de lojas criam esses CDs (Centro de Distribuição) para atender as vendas das lojas em toda uma região definida por ela, por exemplo, abrangendo várias cidades onde a venda é feita na loja, mas a Nota Fiscal é emitida na cidade onde está o CD, ficando para a cidade o ICMS (fato gerador ICMS = venda) gerado, que é o maior volume de imposto que a cidade recebe, chegando de 10 a 15 vezes a isenção (IPTU) fiscal praticada para atrair as empresas. Então senhores, sonhem, viajem, conheçam o mundo, mas vamos viver a realidade, pois a solução para o aumento de arrecadação está aqui mesmo, no Brasil.