Independente da área ou do trabalho que se executa, seja na indústria, na política, na igreja ou em qualquer outro segmento da sociedade, sempre haverá grupos antagônicos, bons e ruins, éticos e antiéticos. O difícil é lidar com estereótipos e rotulações que sempre carregam certo desconhecimento.
Sou industrial e convivo com esse tipo de situação em diversos contextos: em um jogo com amigos, em uma festa, na praia, no bar ou em uma reunião qualquer. Grupos esses que, na maioria, não são de industriais e, também na maioria das vezes, há debates sobre o quão fácil é ser empresário, ou sobre como todos são ricos, ou sobre como os negócios são conduzidos, ou sobre serem administrados por famílias.
Dessas conversas surgem estereótipos, rótulos e julgamentos, totalmente equivocados e distorcidos. Claro que não é regra: há muitos que nos veem como corajosos, inteligentes, empreendedores, responsáveis por criar empregos e gerar riquezas. Mas, na maioria das vezes, somos os ricos, gananciosos e exploradores. Aqueles que só buscam lucro a qualquer custo, mesmo que isso signifique explorar trabalhadores e desrespeitar normas ambientais em interesses puramente próprios.
Quero dividir uma reflexão com vocês: o que vocês pensam quando veem um prédio industrial que tenha barulho de alguma operação? Como ele surgiu ali? Como é todo o contexto para que tenha barulho, o que indica que deve estar operando? Será que ele nasceu ali de uma semente e o barulho lá dentro acontece por obra divina? Ou será que há uma história de trabalho, investimento, risco e desafio por trás dele?
O empresário investe, na maioria das vezes, o dinheiro que conseguiu de seu próprio trabalho. Para iniciar um empreendimento, ele arrisca e nem sempre tem sucesso. Há muitos que perdem tudo; porém, também pode dar certo. Mas saiba: todo dia ele acorda sabendo que terá um desafio; o mundo dos negócios é cruel e complexo. O tributo no Brasil é altíssimo! Desde a abertura do negócio até o tocar no dia a dia, a burocracia é enorme e custa muito, além de ser complexa. A instabilidade econômica em um país de infraestrutura e educação precária é permanente. Tudo isso dificulta nossa competitividade, pois aumenta demais nossos custos.
Empresários criam empregos, investem em infraestrutura, geram riquezas e contribuem não só economicamente, mas, também, socialmente apoiando projetos e programas que impactem positivamente as comunidades do seu entorno. E, apesar disso, os empresários são criticados e responsabilizados pelos problemas de desigualdade social, desemprego e problemas ambientais.
A concentração de renda, a falta de ética, as sonegações, muitas e muitas vezes, são associadas ou relacionadas a empresários. Quando, na verdade, é uma questão de sociedade. Porém, tenho a nítida percepção de que a sociedade espera que assumamos uma responsabilidade que é de todos. Todos precisam ter ética, todos precisam ser responsáveis por cuidados ambientais, todos precisam ajudar a reduzir distorções econômicas…
Sei que devemos assumir um papel de liderança para um melhor ambiente econômico e social que gere mais emprego. Porém, também é importante que a sociedade reconheça e valorize os que investem nas práticas socialmente responsáveis e ajude, pois há a necessidade de ações e trabalho em conjunto.
Não podemos continuar a conviver em um sistema paternalista. Os empresários, o governo, os influenciadores e a sociedade precisam promover uma visão mais equilibrada e positiva dos empreendedores. A responsabilidade de termos um país melhor, mais rico e mais justo é de todos. Portanto, vamos nos unir e colaborar para o desenvolvimento do Brasil!
Por Maurício Colin – Vice Presidente Daicast Industria e Comercio Ltda