Há pouco mais de um mês, o Ministério da Saúde anunciou a incorporação da vacina contra a dengue no SUS. O imunizante Qdenga, da Takeda, foi aprovado pela Conitec, priorizando regiões com alta incidência do vírus e faixas etárias de maior risco. Devido à capacidade restrita de fornecimento, a vacinação inicial será focada em públicos específicos e regiões prioritárias. Com a previsão de entrega de 5.082 milhões de doses entre fevereiro e novembro de 2024, a estratégia de utilização será definida em colaboração entre o PNI, CTAI e os estados, considerando a recomendação da OMS para a faixa etária entre 6 e 16 anos.
A vacina Qdenga, de acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim), é tetravalente, oferecendo proteção contra os quatro sorotipos do vírus da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4). Ela utiliza vírus vivo atenuado, estimulando o sistema imunológico para gerar uma resposta semelhante à infecção natural. O esquema de vacinação consiste em duas doses, com um intervalo de três meses entre elas, independente do histórico prévio de dengue do paciente.
Indivíduos que tiveram dengue devem receber a vacina, pois apresentam melhor resposta imune, sendo considerados de maior risco para dengue grave, conforme recomendação da SBim. Para aqueles que recentemente tiveram a infecção, a orientação é aguardar seis meses antes de receber a vacina. Em caso de diagnóstico da doença entre as doses, o esquema vacinal deve ser mantido, desde que o intervalo não seja inferior a 30 dias em relação ao início dos sintomas.
Conforme a bula, a vacina Qdenga é recomendada para pessoas de 4 a 60 anos. Por ser uma vacina de vírus vivo, é contraindicada para gestantes, lactantes, pessoas com imunodeficiências primárias ou adquiridas, e aquelas que tiveram reação de hipersensibilidade à dose anterior. Mulheres em idade fértil e com planos de engravidar devem adotar métodos contraceptivos nos 30 dias seguintes à vacinação.
Segundo a SBim, a vacina Qdenga demonstrou eficácia contra o DENV-1 em 69,8%, contra o DENV-2 em 95,1% e contra o DENV-3 em 48,9%. A eficácia contra o DENV-4 não pôde ser avaliada devido ao número insuficiente de casos durante o estudo. Houve também eficácia contra hospitalizações por dengue confirmada laboratorialmente, com proteção geral de 84,1%, com estimativas semelhantes entre soropositivos (85,9%) e soronegativos (79,3%).
A SBim enfatiza que a vacina Qdenga é específica para a proteção contra a dengue e não confere imunidade contra outras arboviroses, como zika, chikungunya e febre amarela. Para a febre amarela no Brasil, existem duas vacinas disponíveis: uma da Fiocruz, utilizada na rede pública, e outra da Sanofi Pasteur, utilizada por serviços privados de imunização e, ocasionalmente, na rede pública. Ambas apresentam perfis de segurança e eficácia semelhantes, com estimativas superiores a 95% para indivíduos acima de 2 anos.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro da Qdenga em março de 2023. A concessão permite a comercialização do produto no país, desde que mantidas as condições aprovadas. O imunizante, contudo, segue sujeito ao monitoramento de eventos adversos, por meio de ações de farmacovigilância sob responsabilidade da própria empresa fabricante.
A Qdenga é a primeira vacina contra a dengue aprovada no Brasil para um público mais amplo, já que o imunizante aprovado anteriormente, Dengvaxia, do laboratório francês Sanofi- Pasteur, só pode ser utilizado por quem já teve dengue. A Dengvaxia não foi incorporada ao SUS e é contraindicada para indivíduos que nunca tiveram contato com o vírus da dengue em razão de maior risco de desenvolver quadros graves da doença.
Fonte Agência Brasil